Estudos de Palestrantes Espíritas Capixabas - Não Nos Responsabilizamos
Pela Veracidade das Informações. A Responsabilidade é de Quem os Envia, Escreve ou Comenta!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma Visão Critica à Respeito do Modelo Educacional Vigente

Uma Visão Critica à Respeito do Modelo Educacional Vigente

Ao longo das últimas décadas a redução dos níveis de analfabetismo no Brasil tem sido expressiva, assim como também muito significativa é a ascensão de um número crescente de indivíduos ao nível superior de escolaridade Todavia, não obstante a extrema importância da escalada quantitativa dos índices de instrução, que denota maior acessibilidade da população às escolas, aos institutos e às academias, o modelo educacional em vigor possui séria fragilidade no que diz respeito à qualidade da formação oferecida. Mesmo restringindo-se o conceito de educação ao aspecto mais específico relacionado à instrução, pois que a assimilação de conteúdos culturais, hábitos e maneiras é um problema bem mais geral e complexo, de modo que a escola atualmente posiciona-se como elemento auxiliar diante da imperiosa e efetiva ação do convívio familiar, no quesito qualidade o padrão de formação profissional em geral não acompanha nem de perto a progressão quantitativa dos números que retratam a escolaridade no país.


É notória a deficiência do ensino fundamental e médio em toda a nação, especialmente nas escolas públicas, que são a possível porta de entrada para maioria da população, diante do elevado valor das mensalidades nos institutos particulares. Curiosamente, no ensino superior a situação se inverte e as escolas públicas suplantam vigorosamente o padrão das escolas particulares. Para que essa inversão ocorra, não há outras razões que a explique senão a existência de uma política de valorização (ainda que deficiente) da formação e do salário do professor, aliada à correlação entre ensino, pesquisa e extensão,
algo que as escolas particulares superiores não efetivam, principalmente por conta do alto custo envolvido. Todavia, esses fatores trazem retorno indiscutível com relação à qualidade docente, e também do ensino ministrado
e das atividades acessórias que completam a formação discente. A ausência de uma valorização similar nas carreiras do magistério das escolas públicas de
ensino médio e fundamental, bem como a falta de infra-estrutura básica em muitas dessas, justifica perfeitamente sua deficiência.


Infelizmente, a cultura brasileira há muitos anos se orienta no campo da instrução pela conquista de um diploma de curso superior, seja pelos status social, pelas regalias que as funções mais intelectivas promovem, seja ainda
por pressões familiares e outros elementos coadjuvantes. Assim, a má formação fundamental do indivíduo passa a ser elemento secundário, pois o que importa de fato é o ingresso às escolas superiores, o que de certa forma é relativamente fácil na atualidade, pois há muitas escolas e carreiras de valor acessível (mais baratos que escolas de nível médio e fundamental).


Por outro lado, o desprezo à formação técnica de nível médio vem de muitos anos e tende ainda a se agravar. Várias escolas técnicas têm sido transformadas ultimamente em escolas de formação superior e claramente uma alteração de seu foco primordial deverá fazer com que o padrão dessas decaia ainda mais.


Novas diretrizes pedagógicas deveriam ser discutidas de modo mais criterioso, sem considerar o acesso à universidade como uma conquista indispensável, pois, formalmente, o título obtido ao cursá-las significaria a introdução do indivíduo na atividade profissional em que se formou. Mas isso sabidamente não ocorre, pois um contingente apreciável se emprega em atividades completamente diversas e não tem alternativa senão nelas continuar. O modelo sócio-econômico atuante claramente não permite essa correlação direta entre título universitário e função correlata no mercado de trabalho.


Além disso, há também a mania de pensar o ensino superior como panacéia, capaz de curar as deficiências na formação básica anterior. Tal imagem deveria ser amplamente revista. Além disso, existem as políticas de privilégio às minorias que não contemplam a necessária qualidade acadêmica. Essas idéias equivocadas tomam enorme força nos dias atuais motivadas por conta de serem simpáticas e arrolarem aspectos políticos discutíveis. Não se pensa com a mesma seriedade em facilitar o acesso irrestrito da população mais carente ao nível superior através de um ensino básico e profissionalizante de efetiva qualidade, corrigindo as deficiências dos níveis fundamentais de ensino. Também não se cogita ou se discute no estabelecimento de um curso superior com formação genérica, uma espécie de bacharelado, capaz de enriquecer os indivíduos com ingredientes educacionais e intelectuais importantes. Ao mesmo tempo em que atuaria como indicativo de maior status ou padrão de escolaridade, tal como a sociedade deseja, desobrigaria os indivíduos de fazerem opções por cursos profissionais que jamais utilizarão na prática. Alguns países do mundo já optam por um modelo assim, onde a formação profissional específica de nível superior quando desejada, se realiza a partir da conquista desse bacharelado, em cursos de duração mais reduzida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário