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segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Manoel Fagundes dos Santos é Espírita atuante na União Espírita Cristã em Vila Velha; membro e Diretor da Aje-es - Associacção Juridica Espírita do Estado do Espírito Santo, dentre outras muitas atividades...

O Ciúme


Em virtude de um estudo promovido por Gary Brase, da
Universidade de Sunderland, Inglaterra e recentemente divulgado, veio à baila o conhecido e palpitante tema: O Ciúme, que aponta, inclusive, o brasileiro como sendo o mais ciumento no universo pesquisado.

Em decorrência, diversos estudiosos do assunto contribuíram com suas teorias, buscando em teses fundamentadas explicar as possíveis causas embasadoras do conflito que – no decurso da evolução humana – tem infelicitado tantas almas, por não conseguirem sublimá-lo.

Pelo esclarecimento do ensino espírita, já temos a felicidade de saber que a causa real das nossas condutas divergentes no presente, em geral, possuem como gênese, as várias experiências equivocadas, vivenciadas em existências pretéritas.

Desde a Bíblia o ciúme tem mostrado suas garras: Gênesis, 4, Caim mata Abel por ciúme. Números, 5, nos fala do ”Espírito de ciúmes”. Provérbios, 6, 34: “Porque o ciúme enfurece o marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança”. Em Cânticos dos Cânticos, 8, 6: “O ciúme é cruel como o Seol”. O Seol seria inferno em hebráico ou Sheol, que se traduz como sendo “habitação das almas dos mortos”?
O Dicionário Aurélio, o apresenta como substantivo masculino, do latim com raiz em “Zelumen, zelos; e no grego indica: “Zelos, ´cuidado`, ´ardor`, ´inveja´, ´ciúme´”. Definindo-o como: 1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém.

2. Emulação, competição, rivalidade, despeito... Trata-se pois, de assunto relevante, que tem despertado a atenção dos homens desde os primeiros filósofos, e constituindo-se no tema central de uma das obras mais importantes da literatura clássica: Medeia, de Eurípedes. Onde sob as chamas ardentes do ciúme, Medeia optou por matar os próprios filhos, para atingir o pai, Jason, que a traíra.

Shakespeare evoca o tema em uma de suas peças imortais: “Otelo, o Mouro de Veneza”. Na qual Otelo, louco de ciúmes, asfixia Desdêmona na cama, e enterra o punhal no próprio peito. Ainda com vida, descobre a verdade; mas já é tarde. Ele morre beijando os lábios já frios da sua fiel e inocente esposa!
Mas não é necessário ir tão longe. Na mídia diária, a crônica policial apresenta as tragédias resultantes desse terrível algoz do ser humano. Não havendo classe sócio-econômica que esteja isenta à sua danosa influência: do palácio ao tugúrio, da choupana do campo ao Flat na praia.

Vulgarmente, costuma-se relacionar o ciúme ao amor. Uma anomalia. Porquanto ele parece ter mais parentesco com o ódio, com o orgulho, a vaidade. É que o amor é entrega; o ciúme, posse. O amor é confiança; o ciúme a suspeita. O amor é cuidado; o ciúme egoísmo. Em suma: O amor é virtude; o ciúme é vício. Logo, o ciúme não pode ser associado ao amor, de quem não é a prova, senão a sua própria negação.

Freud analisa o ciúme em seus diferentes graus, no volume XVIII, de suas obras completas, páginas 271/281, no artigo que o Mestre Vianense denominou: Sobre alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranóia e no homossexualismo, assim classificando o conflito: ciúme competitivo, ciúme projetado e ciúme delirante. Segundo a ótica do nobre psicanalista, o ciúme competitivo acha-se profundamente enraizado no inconsciente, sendo uma continuação das primeiras manifestações da vida emocional da criança, e origina-se do complexo de Édipo ou de irmão-e-irmã do primeiro período sexual. Já o ciúme projetado deriva, tanto nos homens quanto nas mulheres, de sua própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos no sentido dela que sucumbiram à repressão. Enquanto o ciúme delirante, diz ele, “é o sobrante de um homossexualismo que cumpriu seu curso corretamente toma sua posição entre as formas clássicas da paranóia”.

No ensino espírita – de modo singelo – o inconsciente em referência, nada mais é que o somatório das experiências reencarnatórias do espírito. No conceito da psicologia hodierna, o ciúme é a sensação de ameaça ou perda da posse em relação à pessoa a quem alguém se apega. Sendo, portanto, um estado emocional que pressupõe o medo e cresce com a insegurança. Como se trata de um estado irracional, ignora a lógica dos argumentos, nutrindo-se de suas próprias fantasias.

A Doutrina Espírita entretanto– sem desprezar as questões propostas pela ciência – remonta às causas, enquanto a ciência estuda os efeitos, nos indica que o ciúme, como todos os conflitos negativos, que ainda trazemos incorporados ao psiquismo, fazem parte do “acervo” perispiritual, estando ínsitos na alma humana, requerendo, quando convenientemente identificados, a cura espiritual. Que por sua vez, requer profundidade de propósitos e continuidade de ações, que levem o paciente a uma reforma interior frente ao problema que enfrenta, cuja terapia constitui verdadeiro desafio, com análise que este despretensioso relato não comporta.

Os Espíritos Superiores, na questão 933, de O livro dos Espíritos, de 1857, respondendo sobre os sofrimentos do ser imortal, relacionam os vícios que denominam “As torturas da alma”, dentre os quais indicam a Inveja e o Ciúme, classificando-os de “vermes roedores”, fazendo com que suas vítimas permaneçam em febre contínua.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dr. José Salviano Coelho, Médico, Espírita, Atuante Atualmente no Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Clotildes no Centro de Vitória/ES

Perdão das Ofensas

Definição:

Perdão, remissão de pena ou de ofensa ou de dívida; desculpa, indulto; ato pelo qual uma pessoa é desobrigada de cumprir o que era de seu dever ou obrigação por quem competia exigi-lo; fórmula de civilidade com que se pede desculpa. Ofensa, palavra que atinge alguém na sua honra, na sua dignidade, injúria, agravo, ultraje, afronta; ação que causa dano físico, lesão; ato de atacar, ofensiva; ato ou dito que lesa um sentimento respeitável ou legítimo, desconsideração, desacato, menosprezo; violação de uma regra, de um preceito, transgressão, pecado, falta, indelicadeza, injúria.


Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia. (são Mateus, cap. V, v. 7). – que é o esquecimento e o perdão das ofensas. "Se perdoardes aos homens as ofensas que vos fazem, também vosso Pai celestial vos perdoará os vossos pecados. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará os vossos pecados". (Mateus, VI: 14-15)


Se, pois, quando apresentardes vossa oferenda ao altar, vós vos lembrardes que o vosso irmão tem alguma coisa conta vós, deixai a vossa dádiva aí ao pé do altar, e ide antes conciliar-vos com o vosso irmão, e depois voltai para oferecer vossa dádiva. (São Mateus, cap. V, v. 23, 24). O Apóstolo Paulo: Oh! Ai daquele que diz: “Eu nunca perdoarei”, porque pronuncia a sua própria condenação.

A PARÁBOLA DO CREDOR INCOMPASSIVO


"E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então, o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançado mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu companheiro, prostrando - se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, Ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.


Ao analisar a Oração Pai Nosso, está nela implícito o perdão como a chave para a perfeita comunhão com Deus, nela, Jesus assinala o perdão incondicional e quantas vezes forem necessários perdoar. Nela, também, evidencia a mansuetude e a brandura como componente fundamental para o exercício do amor a Deus e ao próximo. Continua Jesus a nos exortar a praticar e pregar, não só com palavras mas com exemplos, a tarefa começada desde o início da humanidade e renovada por Jesus, há 2000 anos, quando estabeleceu um novo paradigma incitando-nos a sermos caridosos, generosos, pródigos mesmo de vosso amor, amparados na humildade e no perdão. Quando Jesus nos informou sobre as várias moradas, nos sinalizava um caminho a percorrer na medida que iríamos nos depurando das nossas imperfeições, entre elas a ausência de mágoas e de rancor, ausência de mácula na nossa consciência.


O que é Perdão?

Na visão espiritualista é o esquecimento completo da ofensa ou injúria. Não devolver o mal com o mal, retribuir o mal com o bem, não se alegrar pela dor do outro. Na visão da psicologia profunda o perdão não tem nada a ver com o esquecimento, pois se trata de um processo de memória, portanto fisiológico, ele será registrado e o esquecimento depende da memória, umas mais ou menos dotadas. Mas ao evoluirmos moralmente começamos a entender que aquele que nos agride é que se encontra doente, pois sabemos que conscientemente uma pessoa lúcida não agride o outro, razão para então não nos tornarmos escravos dos sentimentos induzidos pelo outro, é preciso sairmos da esfera de ação psíquica do outro, buscando na paciência e na tolerância o antídoto. Evidentemente, que aqui é preciso sermos honesto diante do ofensor, se estivermos com raiva, primeiro absorva e digira e não negue, basta dizer não, neste momento estou magoado e não posso perdoar. A raiva é um sentimento natural do ser humano no momento evolutivo em que vivemos, o que é antinatural é faze-la instrumento do nosso rancor, este sim é um sentimento ruim, antinatural porque nos dá prazer e como conseqüência conforme sua intensidade e duração pode desencadear conseqüências graves tanto na âmbito físico como no psíquico ou em ambos, tanto do ofensor como do ofendido. Se ele nos caluniou, tanto eu como ele sabemos que é mentira dele. Se nos traiu, somos a vítima e ele sabe que é nosso algoz. Então o problema é da consciência dele. Não devemos cultivar animosidade, e sim perdoar. Não ficarmos manipulados, dominados pelo ódio, odiando também. Não permitindo que um desequilibrado nos manipule e nos conduza para o desequilíbrio. A atitude do outro pode nos incomodar muito , mas, é importante considerarmos que o outro tem o direito de ser como quer, ele agirá conforme a sua evolução consciencial moral e espiritual. Quem rouba é que é o ladrão, quem mata é que é o assassino.


A medida que formos trabalhando, a mágoa, a ofensa vai perdendo o significado. A medida que vamos descobrindo nossos valores, ela vai desaparecendo. Quando estamos de bom humor, ouvimos até desaforo e dizemos: "Sabe que você tem razão?" Quando levantamos de mau humor, só de a pessoa nos olhar, perguntamos: "Qual é o caso?" Portanto, não é o ato em si; é conforme nós recebemos o ato. Divaldo conta o caso de alguém que, na festa de aniversário, recebeu de uma pessoa que não gostava dela, como presente, um vaso de porcelana, com um bilhete: "Recebe o meu presente, e dentro dele o que você merece". Dentro dele havia dejetos humanos. No aniversário da pessoa que havia enviado tal "presente", o nosso personagem lhe enviou o mesmo vaso, com os dizeres: "Estou devolvendo o vasilhame. O seu conteúdo coloquei num pé de roseira, e estou lhe enviando as rosas que saíram dali". É um ato de perdão, devolver em luz o que se recebe em trevas.

Por quê então, é tão difícil perdoar?


Primeiro porque não conhecemos ou negamos nossas imperfeições, mas, estamos sempre a identificar no outro os seus defeitos, e estes quando nos fere, independente de como fazem nos causa desde um desconforto até um sofrimento maior o que pode acarretar mágoas. Freqüentemente, transferimos para o outro obrigações de nos atender desde necessidades reais a verdadeiros caprichos, desconhecendo, seja por conta do nosso egoísmo ou orgulho, a possibilidade do outro não dispor dos recursos necessários para nos atender. Esquecemos que Jesus na sua sabedoria nos alertava para não julgar o próximo, porque seríamos julgados na mesma medida , que não devíamos atirar pedra no telhado do outro, porque, o nosso é de vidro. Alertava, que perdoar é um ato de justiça. É se deixar guiar pela consciência, como tocou Jesus a consciência dos homens no episódio da mulher apanhada em adultério: “Quem de vós nunca pecou atire-lhe a primeira pedra”. Todos já haviam errado. Não perdoando, incorre numa desobediência a ordem social de Deus, e, estaria estabelecido o caos na terra. Vivemos durante inúmeras reencarnações considerando o perdão, a indulgência, a bondade como expressões de fraqueza, de covardia. Entendíamos, um dever vingarmo-nos sempre que nos julgássemos ofendidos. Hoje, que a luz do evangelho de Jesus iluminou nossos corações e nossas mentes; e que a lógica da doutrina espírita nos mostra os elementos justificativos da necessidade do perdão, queremos ser bons, perdoar, incondicionalmente, como exemplificou Jesus. Todavia, sentimos dificuldade de libertarmo-nos dos hábitos "de defesa da honra e da dignidade", do "ter vergonha na cara", "ter sangue nas veias", do "não levar desaforo pra casa", porque "difícil não é aprender coisas novas, difícil é desaprender hábitos antigos". Melindramo-nos, tão facilmente, por tão pequenas coisas, com as pessoas com as quais convivemos e até com as que amamos!... Por quê?

Por quê devemos perdoar?

Acredito que a vida em sociedade só foi possível a partir do momento que se estabeleceu o perdão, sem o qual seria extremamente difícil a convivência, alinhado ao fato de evolutivamente o homem desenvolver o desejo de construir para si e sua família, condições ideais para a felicidade e harmonia, É na família que temos todas as oportunidades para o aprendizado do sentido do perdão, que é a indulgência, a benevolência e a abnegação, que é em última instância a caridade. A ação recíproca do perdão traz a paz para o seio da família e da sociedade. O perdão não deve estar condicionado a gravidade da ação, porque a margem de erro, ao julgar qual é o merecedor e quanto perdoar será grande, porque estará condicionada a muitos fatores, como o social, o econômico, o intelectual e ao moral. Outro fator a considerar é que pensamento é energia, e esta se colocará na freqüência conforme a qualidade do pensamento, atraindo assim, energias que se afinizam e como conseqüência agravamento ou melhora dos nossos sentimentos. . A mágoa, o rancor, a raiva, o desejo de vingança, que nos impedem de perdoar, nos priva também de atrair energias boas e agradáveis. Quando alguém nos magoa, nos agride, nos fere, o perdão é a nossa proteção contra o assédio das energias negativas. Façam este teste, exercite o perdão hoje e sintam a sensação de bem estar que lhe é próprio. Outro aspecto a considerar é o desenvolvimento de sentimentos nobres e de autoconfiança que passamos a manifestar em relação ao outro e ao mesmo tempo elevamos a nossa auto-estima, nos possibilitando a superação das dificuldades inerentes ao convívio com os seres humanos.


A quem perdoar?


Jesus, na Cruz em seus últimos momentos ele roga a Deus, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem”. Aí está implícito que ele estendia a todos o perdão, sem nenhuma discriminação. Em outra passagem perdoava a Pedro na sua indecisão, como perdoou também a Judas pelo seu ato irresponsável. E temos que considerar que isto ocorreu há 2000 mil anos. Mas observamos que a complexidade de nossas emoções ainda traduzem o quanto ainda temos que evoluir, para despertar a nossa consciência no sentido da vida em comum, o que nos obriga o exercício do amparo mútuo e da capacidade de perdoar. Não devemos esquecer que perdoar a todos também inclui – o Auto-perdão. “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo...” “... porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve, como quereis que Deus esqueça que, cada dia, tendes maior necessidade de indulgência?...” Apóstolo Paulo. Sabemos que nossa conduta e a forma de sentir os fatos de nossa vida, depende como olhamos o mundo fora e dentro de nós, consciente e inconsciente, traduzindo uma sensação íntimas de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com o “código moral” modelado na intimidade de nosso psiquismo, conseqüência de nossa vida atual e de vidas passadas, no convívio com os pais, líderes religioso, com o médico da família, com as autoridades políticas, etc. assim podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade de acordo com os nosso valores, crenças, normas e regras vigentes, variando conforme o ambiente. Quando nos exigimos agir sempre de forma perfeita, criamos armadilhas que se tornam nossa inimigas, porque passamos a exigir capacidades e habilidades que ainda não possuímos. Criando filhos dentro de padrões muitos rígidos, seguramente teremos adultos rígidos e propenso a desenvolvimento de distúrbios psíquicos, quando confrontados com o lado inadequado dos ser humano, podendo desenvolver sentimentos inferiores. Não somos Deus, não somos oniscientes e todo-poderosos. Não aceitando nossas limitações, não enxergamos a “perfeição em potencial” que existe dentro de nós mesmos, perdemos assim a oportunidade de crescimento pessoal e de desenvolvimento natural, gradativo e constante, que é a técnica das leis do Universo. A desestima a nós nasce quando não nos aceitamos como somos e admitir e aceitar os outros como são nos permite que eles nos admitam e nos aceitem como somos e assim podemos nos perdoar e desenvolver amor a nós mesmos, não importando com o que fomos, mas o que somos e qual a nossa determinação de crescer moral e espiritualmente. Perdoar-nos é compreender que os que nos cercam são reflexos de nós mesmos, criações nossas que materializamos com nosso pensamentos e convicções íntimas. “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo” – quer dizer: enquanto não nos libertarmos da necessidade de castigar e punir o próximo, não estaremos recebendo a dádiva da compreensão para o auto-perdão - bondade repara a falta, o remorso destrói a alma.

Como aprender a perdoar?

Conhece te a ti mesmo, é um começo. A noção das nossas imperfeições nos faz ver que muitos atos que nos magoam partem de pessoas desatentas, ou em desequilíbrio emocional, ou motivadas pelos seus sentimentos de orgulho, egoísmo e vaidade. Quando analisamos a nossa origem e o nosso destino, principalmente os espíritas, pois estes, sabem com muita propriedade que a nossa condição de espírito encarnado, tem como objetivo maior o nosso desenvolvimento, que em última instancia é o desenvolvimento do amor fraterno. Como amar ou admitir ser irmão em Deus, quando o nosso coração está cheio de mágoas e de rancor? Quando vemos sempre o ofensor como um inimigo?. Precisamos olhar o ofensor como um espírito desajustado e inclusive permitindo-lhe que ele expresse o seu sentimento, porque poderá nos facultar na observação a compreensão de que na verdade fomos nós a causa da sua perturbação mental.

Precisamos desenvolver o hábito do perdão e para isto é a prática sistemática que trará resultados satisfatório, pois iremos fundo, no fundo da alma para emergir com o perdão verdadeiro, aquele capaz de mudar todo o contexto emocional e consequentemente a relação. A repetição do hábito de perdoar é que vencerá a resistência
que nossos sentimentos inferiores, como o orgulho, egoísmo, vaidade, violência e ressentimentos, inerentes ao nosso estágio evolutivo e portanto ainda bem enraizados em nossos corações, esta prática e que permitirá ver e ser visto com o coração sinais de gentileza e desta forma criar predisposição para o perdão. Segundo Robin Casagian, autora do livro O Livro do Perdão, toda a pessoa tem sua história de raiva, de ressentimento e de tristeza, passando cada pessoa pelas fases de desgosto, ingratidão, ofensas, separação de casais, agressões diversas, adultérios, intrigas e demais conflitos que provocam as mágoas nas profundezas do espírito. Todos já tiveram, portanto, motivos para se sentirem ressentidos, tristes e raivosos. Portanto, todos nós estamos aptos a perdoar.

Quantas vezes e quando devemos perdoar?

Se vosso irmão pecou contra vós, ide lhe exibir sua falta em particular, entre vós e ele; se ele vos escuta, tereis ganho o vosso irmão. Então Pedro se aproximando, lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão, quando ele houver pecado contra mim? Será até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Eu não vos digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes. (São Mateus, cap. XVIII, v. 15, 21, 22). Reconciliai-vos o mais depressa com o vosso adversário, enquanto estais com ele no caminho, a fim de que vosso adversário não vos entregue ao juiz, e que o juiz não vos entregue ao ministro da justiça, e que não sejais aprisionado. Eu vos digo em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil. (São Mateus, cap. V, v. 25, 26).

Jesus ao dizer setenta vezes sete, sinalizava que o perdão deve ser uma prática constante e que não haveria limites. Considerava-nos como capazes de perdoar, não sendo uma prerrogativa de espíritos puros. Este ato nos eleva moral e espiritualmente além de realizar a higiene espiritual. Nos recomendava ainda que devíamos fazer enquanto estivéssemos a caminho. Emmanuel nos orienta para “desinibir o coração de qualquer ressentimento”, para que o nosso processo evolutivo se concretize mais rapidamente, evitando múltiplas reencarnações
depurativas. Efeito do perdão, segundo Jason de Camargo: O ódio gera doenças e afeta a longevidade,
Os sentimentos de paz, amor e alegria geram a produção
de endomorfinas, Os complexos de culpa e remorso de longo curso e falta de Auto-perdão, As artrites.

Bibliografia:

Educação dos Sentimentos, Jason de Camargo, pag. 97.

Evangelho Segundo o Espiritismo, pag. 136, itens 14 e 15.
O Perdão, Leda de A. R. Ebner, site Portal dos Espíritos.
Renovando Atitudes, Francisco do E. S. Neto, por Hammed, pag. 35 e 223. Sobre o Perdão, José Argemiro da Silveira, site Portal
dos Espíritos.

José Salviano Coelho – kmkcoelho@intervip.com.br


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Elza Valadão Leite Archanjo; Maestrina do Coral Esperança da Comunidade Espirita do Esperança; Espirita Atuante da Centro Espirita Clara de Assis, no bairro Consolação em Vitória e Comunidade Espirita Jardim da Penha, alem de muitas outras atividades....
Tema: Musica - Efeito no Mundo Espiritual

Ninguêm pode alegar desconhecimento quanto aos efeitos da música no ser humano, sua ação sobre os centros nervosos, aparelho circulatório, sobre a mente, de um modo geral. Há vasta biografia a respeito das pesquisas no âmbito do mundo terreno. Além de veicular a mensagem consoladora do Espiritismo, o canto coral, na magia do instrumentalm mais belo e mais perfeito que existe, à voz humana, transporta para os corações que habitam os dois planos de existência, frequências vibrátorias sutis, enriquecidas por aquelas de ordem espiritual capazes de tramquilizar, apaziguar, exaltar, enfim, modificar as mais variadas tonalidades dos
sentimentos. São Múltiplas as narrativas a respeito da Música no Mundo Espiritual. Corais, Orquestras, Madrigais, Centros especializados em Música voltados para sua evolução e transmissão para o mundo terreno, principalmente no que se refere às vibráções produzidas pelo canto. Frequentemente inumeros Mediuns têm informado da presença de Espiritos, inclusive de alguns que foram grandes Mestres da Musica na terra, nos ajudando ou regendo orquestras e corais do mundo dos Espiritos, cantando as mesmas Músicas, em eventos de qualquer porte, seja nos congressos de grande monta, seja nas comemorações da mais simples e humilde na Casa Espirita. Nos Ensaios do Coral na Federação os Espiritos Amigos recolhem as emanações fluidicas dos encarnados para atenderem a outras criaturas, também encarnadas,
servidores aproveitam para a recomposição de suas forças; Espiritos " em passant" que apreciavam Música, na terra, são atraidos e recebem também amparo e orientações. E os maiores beneficiados são os próprios coralistas.


José Marcelo Gonçalves Coelho, Medium Atuante na Sociedade de Estudos Espírita Irmão Tomé em Morada de Camburi - Vitória/ES, entre outras muitas atividades...


A ARTE ATRAVÉS DOS SONHOS




As questões 400 à 412, da primeira obra basilar do Espiritismo, nos oferecem interessantes apontamentos acerca deste tão conhecido estado de emancipação da alma denominado sono físico, bem como de seu principal resultado - o sonho. Ressalte-se, inicialmente, que nem todos os sonhos de que nos recordamos representam uma vivência real nos campos da espiritualidade, razão pela qual, assim estatuiu a questão 405 de O Livro dos Espíritos: “...Não deveis esquecer que, durante o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso é o que verdadeiramente pode se chamar efeito da imaginação.”

Entretanto, há momentos em que o ser humano se desliga ostensivamente de seu corpo físico, entrando em franca comunicação com o Plano Maior, de lá extraindo elementos preciosos para a concretização de determinados objetivos na Terra. Após esses momentos, poderá, então, ao despertar, lançar idéias inovadoras capazes de levar o progresso aos diversos setores da sociedade planetária. Assim se fará, inclusive, no tocante às manifestações artísticas.

Na obra intitulada Os Mensageiros, capítulo 16, André Luiz, sob psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos traz valiosa contribuição para a temática em apreço.


Encontrava-se o autor espiritual em trânsito por determinado posto de socorro, ocasião em que, ao observar amplo salão daquela paragem, assim se expressou: “....Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros maravilhosos. Um deles, contudo, impunha-me especial atenção. Era uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o Apóstolo das Gálias, rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História. Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se tratava de um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela.”

Julgou André Luiz que a tela que observara naquela região
espiritual seria uma simples reprodução da existente na
Terra. Diante do seu equívoco, recebeu a seguinte explicação, por ele reproduzida: “Engana-se - elucidou o meu gentil interlocutor - nem todos os quadros, como nem todas as grandes composições artísticas, são originárias da Terra. (...)Temos aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual ligada à França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu a tela, Florentino Bonnat não descansou enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro”.

Tratava-se, na verdade, do notável pintor francês Leon-Joseph-Florentin Bonnat (1833-1922), que, dotado de aguçada espiritualidade e sensibilidade artística, o que se percebe em todas as suas obras, aproveitou-se de diversas noites de sono para reproduzir, entre nós, a obra em que se inspirara no além. Trabalho verdadeiramente
exaustivo, já que foram necessários mais de dez anos para
sua conclusão (1874-1885). A “cópia” de Bonnat, de grandes dimensões, hoje faz parte do acervo do Panteão de Paris.

Como vemos, nossas noites podem ser perfeitamente aproveitadas para o exercício das mais nobres tarefas. Todavia, infelizmente, conforme nos afirma o instrutor Gúbio, em alerta reproduzido por André Luiz, em sua obra Libertação, pg. 80, psicografia de Chico Xavier, “...a maior porcentagem desses semilibertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem nos círculos de baixa vibração.”

Por fim, no que pesem nossas inclinações negativas, esforcemo-nos, doravante, no sentido de transformarmos as horas de sono em efetivas oportunidades de progresso espiritual, ressaltando-se que os nossos sonhos, conforme se tem comprovado, são os reflexos de nossas mais íntimas aspirações.



Bibliografia: Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos, cap. 8, questões 400 à 412.

Luiz, André/Chico Xavier, Os Mensageiros, capítulo 16

Luiz, André/Chico Xavier, Libertação, pg. 80

Anexos: Fotos de Leon Bonnat e sua obra O Martírio de São Dinis

Leon-Joseph-Florentin Bonnat

(1833-1922)

Marcos André da Gama Bentes, Vice Presidente da FEEES - Federação Espírita do Estado do Espirito Santo

ALTERIDADE


1. INTRODUÇÃO – Somos Individualidades

O espírito Hammed, através da psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto (1), lembra-nos que necessitamos viver com naturalidade, participando efetivamente na sociedade e usando nosso jeito natural de ser, pois “possuímos talentos que precisam ser exercitados para que possam florescer”. Esses talentos estão esperando o nosso empenho, “a fim de colocá-los em plena ação no intercâmbio das relações com as pessoas e com as coisas”. “Não podemos então olvidar que viver no mundo é “entrar em contato com os espíritos de natureza diferente, de caracteres opostos” (2) , reconhecendo que cada um dá o que tem, vive do jeito que pode, percebe da maneira que vê, admitindo que, por se tratar de tendências, talentos e vocações, todos nós temos a peculiar necessidade de “ser como somos” e “estar onde quisermos” na vida social”. (1)

Mas, neste intercâmbio de aptidões e talentos, encontramo-nos constantemente em situações de conflitos que nos colocam a prova quanto a nossa capacidade de compreensão do nosso verdadeiro papel de espírito eterno, vinculado à lei do progresso. Não um progresso vinculado apenas ao desenvolvimento da inteligência, na aquisição de alguns conhecimentos, pois “há homens que usam mal do seu saber. O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens que em nós existem”. (3)
Uma vez que este processo ocorre na vida de relação, vamos discutir as implicações da mesma, seus conflitos e as
dificuldades vivenciadas, com as soluções propostas pela Doutrina Espírita.


2. CONTO ZEN (Debate por um Alojamento) – Para reflexão e relaxamento:

Em alguns templos Zen japoneses, existe uma antiga tradição: se um monge errante conseguir vencer um dos monges residentes num debate sobre budismo, poderá pernoitar no templo. Caso contrário terá de ir embora. Havia um templo assim no norte do Japão, dirigido por dois irmãos. O mais velho era muito culto e o mais novo, pelo contrário, era tolo e tinha apenas um olho.

Uma noite, um monge errante foi pedir alojamento a eles. O irmão mais velho estava muito cansado, pois havia estudado por muitas horas. Assim, pediu ao mais novo que fosse debater: “Solicite que o diálogo seja em silêncio”, disse o mais velho. Pouco depois, o viajante voltou e disse ao irmão mais velho: “Que homem maravilhoso é o seu irmão. Venceu brilhantemente o debate. Assim, devo ir-me embora. Boa noite!”. “Antes de partir”, disse o ancião, ”por favor, conte-me como foi o diálogo”. “Bem”, disse o viajante, “primeiramente ergui um dedo simbolizando Buda. Seu irmão levantou dois dedos, simbolizando Buda e seus ensinamentos. Então, ergui três dedos para representar Buda, seus ensinamentos e seus discípulos. Daí, seu inteligente irmão sacudiu o punho cerrado em minha frente,
indicando que todos os três vêm de uma única realização”.
Com isso, o viajante se foi. Pouco depois, veio o irmão mais novo parecendo muito aborrecido. “Soube que você venceu o debate”, falou o mais velho. “Que nada!” disse o mais novo, “esse viajante é um homem muito rude”. “É?” disse o mais velho, “conte-me qual foi o tema do debate”. “Ora”, exclamou o mais novo, “no momento em que ele me viu, levantou um dedo insultando-me, indicando que tenho apenas um olho. Mas por ser ele um estranho, achei que deveria ser polido. Ergui dois dedos, congratulando-o por ter dois olhos. Nisto, o miserável mal-educado levantou três dedos para mostrar que nós dois juntos tínhamos três olhos. Então fiquei louco e ameacei-lhe dar um soco no nariz – assim ele se foi”. O irmão mais velho riu. (4)


3. COMO NOS SITUAMOS – Na nossa vida de
relação?

Este conto permite discutirmos questões específicas sobre os problemas da comunicação, inclusive. Mas, vamos olhar mais profundamente os tipos psicológicos apresentados em cada personagem.

Entre outras possibilidades, podemos enquadrar estes personagens com as seguintes características:

? Irmão mais velho – intelecto / razão
? Irmão mais moço – natureza / instinto
? Monge errante – raciocínio em vigília

Algumas questões fazem-se necessárias, no sentido de provocar-nos a reflexão:

- Onde estamos?
- Em qual destes perfis apresentados mais comumente nos situamos?
- Em quais destes perfis mais interagimos?


4. ALTERIDADE – A Alteridade como
solução

No livro “Nosso endereço de luz pede mudanças” (5), a autora (Saara Nousiainen), citando trechos do livro “Seara Bendita” (6), descreve a observação de Bezerra de Menezes, Espírito, sobre as Fases do Espiritismo. A autora destaca, resumidamente, que tivemos uma primeira fase de aproximadamente 70 anos, que representou a legitimação da ciência e da filosofia espírita, vivenciada intensamente por Allan Kardec e seu contemporâneos, principalmente. Uma segunda fase, com idêntica duração, teve como síntese a proliferação do conhecimento espírita, exemplificada pela intensa divulgação do livro espírita, em especial àqueles produzidos pela mediunidade de psicografia de Francisco Cândido Xavier. A terceira fase, que teve início junto com o novo milênio, é percebida como àquela que dará lugar à maioridade das idéias espíritas. Será, conforme citação de Bezerra de Menezes, o período da atitude. Assim, nos vemos diante de um grande desafio: a exemplificação da moral do Cristo, como Evangelhos vivos a sensibilizar e contaminar positivamente todos os demais. Estamos prontos para esta fase de atitude? A Alteridade como conceito: “Alteridade significa considerar, valorizar, identificar, dialogar com o outro (alter, em latim). Diz respeito aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais. Na relação alteritária, o modo de pensar e de agir, as experiências particulares, são preservadas e levadas em conta sem que haja sobreposição, assimilação ou destruição”. (7)

Três etapas são percebidas na elaboração de uma relação com base na alteridade:

- Identificar o contrário;
- Entendê-lo nas suas diferenças;
- Aprender com estas diferenças.

“Eis o desafio: estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes”. (7) Ou, como dizia Martin Luther King (líder pacifista negro, norte-americano): “Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas”. Este processo, contínuo, possibilita o crescimento e o amadurecimento das relações, de aflitivas para afetivas. E este raciocínio tem sido o grande desafio nas relações entre indivíduos, grupos, povos, nações... Há muito tempo!


5. IDENTIFICAR
E ENTENDER – Processo histórico dos diferentes caminhos:

Oriente e Ocidente.

Dois caminhos distintos foram historicamente percorridos pelos povos orientais e ocidentais, nos últimos séculos, sendo claramente identificados no texto a seguir: “Por ter negado às vezes o lado espiritual da realidade, a filosofia ocidental tornou-se prisioneira da razão; por ter ficado sob a tutela da religião, a filosofia oriental freqüentemente abandonou a razão”. (8)

A síntese histórica destes dois caminhos é percebida com a divulgação da Doutrina dos Espíritos, que proporciona o ponto de equilíbrio naquilo que estas duas culturas têm de melhor a oferecer. “Kardec fez o caminho inverso da escolástica medieval, que pretendia justificar a fé pela razão e submetia a razão à fé”. “E, no caso, essa fé era controlada pela Igreja católica, uma instituição poderosa, que tinha seus interesses econômicos e políticos”. (8) “O espiritismo faz a crítica da fé, a partir da razão, mas sem ferir-lhe a essência”. (8)


6. KARDEC – Resposta racional a problematização
dos conflitos:
.
Compreensão da Fé - “Nem o judeu, nem o muçulmano, nem o hindu, nem o budista dependem necessariamente do clero instituído para obterem salvação. (...) apesar dos rituais que têm, não há uma intermediação institucional entre o homem e Deus.” (8)

A fé raciocinada - “Kardec propôs uma forma de conhecer integrada de todas as áreas: sem o conflito entre ciência e religião, sem a subjugação da filosofia, sem a exclusão de nenhum instrumento possível que se debruce sobre o homem e o universo. (...)”.(8) “Há uma unidade essencial no universo: um só Deus, uma só realidade, uma só capacidade do homem de compreender e interpretar essa realidade. (...).” (8)

“Assim, o conhecimento que é fruto do diálogo entre as diversas áreas tem um sentido pessoal e uma garantia na subjetividade do ser. Não é apenas conhecimento objetivo, é experiência subjetiva.” (8) Diante desta compreensão, podemos corroborar com a afirmativa seguinte, de que o
“Espírita não é aquele que simplesmente acredita na reencarnação, mas aquele que se sente e se sabe um espírito antigo; não é aquele que apenas crê na manifestação dos espíritos, mas aquele que distingue e segue a inspiração dos bons e para quem a percepção do mundo espiritual é fato natural e corriqueiro da vida cotidiana.”
(8)


7. ESPIRITISMO NO BRASIL - Porque o “pensamento”
da Doutrina Espírita interpôs-se entre nós, no Brasil, tão efetivamente:

Diante de todo o caminho traçado pela Doutrina Espírita na Europa, com a fase de legitimação da ciência e da filosofia espírita consolidada, estranham alguns do porque esta Doutrina não se fixou naquele povo aparentemente preparado para sustentar esta etapa de transformação moral da humanidade. A preparação científica e filosófica com certeza havia, mas faltava vencer alguns dos seus preconceitos, profundamente enraizados.

O Dr. Sergio Felipe, da USP, advoga a idéia de que o povo de
Israel era aquele mais preparado para a vinda do Cristo, não só pelas suas características monoteístas, trazidas por Moisés, mas também porque naquela região onde este povo se localizou, seria a confluência natural por onde passaram
as grandes culturas, influenciando e sendo influenciada, ao longo de séculos de dominação. Estas provas sustentaram
as bases deste povo, que com isso possibilitou a vinda do Mestre. Da mesma forma, sob a ótica do Dr. Sergio Felipe de Oliveira, o Brasil apresenta as condições básicas, sócios-culturais-espirituais, de instalação da Terceira Revelação –
a Doutrina Espírita, corroborando o que está descrito no livro “Brasil - Coração do mundo, Pátria do Evangelho”. (9)
Da mesma forma a Prof.ª Dora Incontri apresenta três condições que, em sua opinião, foram determinantes para a instalação desta Doutrina em nossas terras: (a) somos um povo mediúnico, naturalmente interexistencial, um povo de fé (...) (b) proclamamos a nossa capacidade de convivência pacífica entre diferentes religiões, culturas e etnias (...) (c) nossa capacidade afetiva, o modo de nos relacionarmos, caloroso, informal, amistoso é uma riqueza enorme, muito propícia ao princípio da fraternidade cristã.(8)


8. A CASA ESPÍRITA – Núcleo.
Associação. Vivência espírita:

Mas, como anda a prática da alteridade nos nossos núcleos espíritas, que em tese, deveria ser a exemplificação de tudo que vimos até aqui? “Há muito a aprender sobre alteridade nos agrupamentos espíritas, principalmente porque o Espiritismo só poderá influenciar os vários campos do conhecimento humano se conseguir se inserir de maneira harmoniosa junto àqueles que atualmente pensam divergentemente de seus postulados. As idéias espíritas predominarão na Terra um dia pelo alteritarismo de relacionamento e não pelo autoritarismo de comportamento”. (7)

– amparo ao trabalhador espírita: o que temos para oferecer: “O trabalhador da Casa Espírita, em sua grande maioria”:

• Chega à Casa Espírita como Espírito necessitado de orientação e socorro (“Vinde a mim todos vós que sofreis”);

• Passa por período de “tratamento” para aliviar os problemas que o afligem;

• Percebe, esclarecido pelo estudo, que vícios e imperfeições
morais indicam desarmonias enraizadas em si e que podem acarretar vínculos com espíritos oportunistas também nas mesmas faixas de desarmonias;

• Recebe o Atendimento Espiritual e, concomitantemente, o trabalho-amor, em serviço de ajuda ao próximo (“Tomai a vossa cruz e segui-me”);

• “Transforma esse serviço fraterno em um grande esforço de auto ajuda e auto iluminação”. (9)

“É importante, nos núcleos de filosofia espírita, que possamos exercitar a convivência e a ambiência democrática e participativa, sem nos esquecermos, é claro, das balizas que norteiam qualquer associação e/ou trabalho”. (...) “É, acima de tudo, uma vivência espírita, que se torna natural na medida em que, individual e coletivamente, invistamos no processo”. (10) - Alteridade como solução nos grupos espíritas e externamente aos mesmos: “Sendo o Centro Espírita um lar-escola-hospital-oficina de trabalho e casa de oração, deve ter os recursos para amparar aos seus trabalhadores, quando suas forças fenecerem e sua dor o impeça de buscar seus recursos próprios”.

Assim, deverá fornecer os recursos:
- Do atendimento espiritual
- Do atendimento mediúnico
- Da compreensão e da compaixão
- Do auxílio mútuo
- Da consolação
- Do auto-conhecimento.

Através de um programa de estudo evangélico-doutrinário, como forma de profilaxia e/ou atendimento”. (9)

9. VIAGEM NO TEMPO – O que nos

propõe a Lei de Progresso?

Se ainda estamos indecisos ou temerosos do que fazer; ainda apegados ao nosso pequeno ego, vamos acompanhar a viagem seguinte, ao espaço, para refletirmos sobre os trabalhos de Deus. Buraco negro - Esta foto de um buraco negro nos induz a pensar para onde caminha toda esta massa interestelar, ou seja, o que faz com que a vida de milhares de sois e planetas caminhem para esta concentração de energia, que um dia nos sugará... Fim de uma estrela – Esta imagem retrata o que acontecerá com o nosso Sol um dia, encerrando todo um processo de vida na matéria, tal qual a conhecemos. Fecundação espacial – Mas, no macrocosmo, existem vida sendo preparada, qual esta aproximação de orbes em formação. Ninhos estrelares (geral) – E a vida se renova com a formação de novos sois a partir das “poeiras estelares”. Ninhos estrelares (em detalhe) – Neste detalhe pode ser observado alguns novos sois nascendo e se projetando para o espaço, iniciando um novo ciclo de vida. Novas formações – E a vida continua... Se, após tudo o que lemos e vimos (e pensamos) tivermos ainda alguma dúvida sobre qual é o nosso papel aqui, em mais uma das etapas deste processo contínuo de reencarnação, lembremos do Cristo, nossa meta e governador deste orbe, que indicou o caminho para sermos tal qual a ele, num futuro próximo. O que estamos fazendo para que isto seja um fato, na nossa vida de relação? É a alteridade uma prática comum no nosso dia-a-dia?


10. BIBLIOGRAFIA E CITAÇÕES:

(1) – Livro “Renovando Atitudes”, Capitulo Viver com naturalidade, p. 165, Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed.

(2) – Livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capitulo XVII, item 10.

(3) – Livro “Entrevistando Kardec”, Capitulo Progresso, p.149, Suely Caldas Schubert.

(4) - Livro: “Mensagens dos Mestres” – Antologia Espírita e Popular, Antônio F. Rodrigues – Editora EME.

(5) – Livro “Nosso endereço de luz pede mudanças”, Saara Nousiainen.

(6) - Livro “Seara Bendita”, Wanderley e Maria José Soares de Oliveira, diversos espíritos; citando Bezerra de Menezes
– Congresso Espírita Brasileiro – Goiânia, 05/10/1999, em comemoração ao 50° do Acordo da Unificação – O Pacto Áureo.

(7) – Texto na Home-Page da ABRADE - “A prática da Alteridade” - Quando a diferença é que soma - Carlos
Pereira (PE) - carlosjfp@uol.com.br.

(8) - Livro “Para entender Allan Kardec”, p. 66, 72 e 101 – Dora Incontri – Editora Lachâtre.

(9) – Texto FEB sobre a Atividade de Assistência Espiritual ao Trabalhador Espírita – Comissão Regional Centro – Cuibá, MT - 2004.

(10) - Texto na Home-Page da ABRADE - “Alteridade na seara espírita” - Marcelo Henrique (SC) - cellosc@bol.com.br .

Citações:

- Livro: “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” (Francisco Cândido Xavier / Humberto dos Campos) – FEB.

- Palestra: “O Cientista Maior” - III Jornada da Associação Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo – AME/ ES, “A Ciência do 3º Milênio: O Cientista Jesus” – 15, 16 e 17/09/2000 – Vitória, ES.

- Fotos do Espaço – Observatório Espacial Hubble – NASA.

Cidadania Política e Ética


Cidadania Política e Ética

De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.(Rui Barbosa)

Apesar de recolhido ao remanso da vida privada, eu não perdi os estímulos do cidadão brasileiro; e como tal não posso ser indiferente ao engrandecimento moral e à prosperidade do meu País. (...) o Salvador do mundo não derramou o seu precioso sangue somente pelos filhos da fortuna, ou pelos senhores da terra, mas também e principalmente, pelos desgraçados, pelos que coram, pelos que tem fome e sede de justiça.”

(Bezerra de Menezes, O Abolicionista do Império,
Paulo Roberto Viola. Editora Lorenz)

Analisando o cenário nacional dos escândalos seja no Senado, na Câmara, no Poder Executivo, no Poder Judiciário, nas Ciências, nas Igrejas diversas o cidadão capaz de desenvolver alguma análise crítica sobre estes fatos fica a se perguntar: o que está acontecendo? Que quadro é este? E naturalmente, à busca de soluções – sim, soluções, porque isto incomoda – não encontra caminhos.


Outro segmento que também pensa, mas incapaz do olhar crítico, fala dos corruptos, dos desonestos, dos anti-éticos, deitando uma lista de adjetivos desqualificadores a todos, indistintamente, como se pertencer a uma determinada classe onde alguns se mostram desonestos, implicaria em contágio de todos. Assim,para entender a questão vamos conceituar as expressões chaves do título que pretendo abordar para que possamos ser mais claros.


A palavra “política” designa a arte ou ciência da organização, administração de nações ou Estados. Derivada de politéia ( do grego) diz respeito às coisas coletivas em espaços urbanos e o conjunto de ações destinadas a tornar a vida comum agradáveis. Desde Platão, em A República , este conceito persiste e teve sua expansão em outras línguas, sem mudar o significado.


O que entendemos por cidadania? Podemos conceituá-la como as relações saudáveis que o indivíduo estabelece com o meio ambiente e com aquele que vive ao seu lado. Isto implica em atitudes de respeito recíproco, no socorro
nas necessidades, na percepção do outro através de um bom dia, desculpe, obrigado, por favor, etc, além de cuidados para que os bens coletivos sejam respeitados e usados adequadamente, respeitando-se as leis e garantias individuais de cada pessoa e a preocupação com os mais fracos, doentes, crianças, idosos, mulheres, e os problemas sociais que conturbam o grupo social.


No exercício da cidadania, a cada direito que temos, cabe-nos um dever correspondente. No exercício do direito de greve, legitimamente constituído, por exemplo, os grevistas violentam uma centena de direitos para reivindicarem o que entendem justo. Quebram, agridem, impedem a circulação em estabelecimentos, paralisam trânsito, serviços, inclusive os urgentes e inadiáveis como os serviços de ambulância, médicos, de bombeiros e polícia quando fecham as ruas.


Assim exposto, podemos passar agora ao conceito de ética. E podemos conceituá-la assim: “é a intenção de vida boa ( saudável) para si e para o outro em instituições justas” como nos ensina Paul Ricoeur.


Este conceito de viver bem consigo e com outro evoca a idéia de auto-estima, estima pelo outro e solicitude que colabora para desenvolver o senso de igualdade entre as pessoas e por isto carrega consigo o senso de justiça. Assim, não pode estar distanciado da responsabilidade para com todos, da integridade das ações no atendimento às demandas para que atenção seja distribuída a todos igualmente. No direito administrativo registram-se os conceitos de imparcialidade, impessoalidade e transparência pelas vias da publicidade dos atos.


Diante deste conceito, somos inclinados a inferir que são necessárias pessoas certas, portadoras de condições especiais, para o exercício de atividades comuns, seja no cenário do condomínio onde moramos, no clube onde nos associamos para a recreação, na igreja, na nossa cidade e no nosso País.


Mas, agora, vejamos pequenas ações que ainda executamos que ferem estes princípios acima: o papel lançado na rua; o toco de cigarro sem ser apagado no lixo, correndo risco de incêndio; o banheiro que fica sujo depois de usado; deslocar-se saltando a roleta; a despreocupação com a coleta seletiva; bebida alcoólica na frente de crianças; o orelhão destruído porque não dá linha e poderíamos alinhar centenas de outras ações. Vejamos que as citadas ações não se enquadram no rol daquelas que temos que fazer por força de lei. Não incluímos, por exemplo, o ultrapassar o sinal fechado; a falta de educação intelectual e moral aos filhos; o abandono de incapazes; o desrespeito às crenças dos outros ou o assédio sexual, feminino ou masculino, cuja tipificação já se encontra no ordenamento jurídico-penal.


Pois bem, falando de política, cidadania e ética temos que falar de pessoas. São as pessoas que fazem a política, que cumprem os direitos de cidadania e atendem às regras do bem viver ou não.


São estas mesmas pessoas que são escolhidas para dirigirem os órgãos coletivos, quais sejam a nossa comunidade, a nossa igreja, a nossa cidade, o nosso estado e o nosso país. Quem são os nossos políticos senão alguns representantes desta mesma sociedade que quebra estas comezinhas regras do bem viver? Exatamente! escolhemos alguns de nós para nos dirigirem. Alguns de nós que quebramos as regras aqui, quebraremos certamente outras regras mais importantes quando encastelados no poder.


Vem então, fatalmente, a derradeira pergunta, como a sepultar o assunto: então não tem “jeito”. A humanidade é podre, e, portanto, o poder e os homens do poder estão apodrecidos. Não! E vejamos!


A humanidade caminha rumo ao progresso, buscando a felicidade e por isto, nesta busca, temos as leis que regulam as relações. Aqueles que têm uma visão crítica mais aguçada e são capazes de analisar os erros do passado e projetar o futuro verão que os avanços tecnológicos, se em algum momento, destruíram bens coletivos ou danificaram o meio ambiente, por exemplo, agora discutem-se a sensibilização das pessoas para a preservação e minimização dos efeitos, aparecendo, então, as condutas anti-éticas e as indenizações por danos morais. Isto é um avanço significativo que tem repercussão no progresso das leis, tornando-as mais justas.


Podemos perceber que nunca houve tantas denúncias. Questiona-se o resultado delas e nem sempre a justiça se faz pelas vias do direito penal, porque, a cadeia da corrupção tem teias em diversos níveis sem as quais não se mantém. Percebe-se, contudo, que o conhecimento das leis morais tem feito a sociedade mudar e os reflexos já são sentidos e se farão sentir ainda mais. Se os descalabros ficavam escondidos, agora, são colocados sob os holofotes da midia, do senso crítico dos cidadãos ficam sabendo de tudo e a força do poder só é aceita quando justo e necessária. E os resultados já começam a aparecer, mas, será uma revolução sem armas, do povo, pela mudança de padrão de conduta. As armas serão substituídas pela força moral.


O modelo de educação vigente ainda foca o homem de mercado e competidor. Forma o homem que olha o seu resultado particular e do seu grupo. Importa que ele faça sucesso, mas nunca pensa que o seu sucesso depende sempre do sucesso de todos. É egoístico e destruidor.


Um modelo de educação voltado para formar o homem de bem, focando os interesses coletivos, formando caracteres no qual, o egoísmo humano pudesse ser enfraquecido pelos valores éticos e morais, certamente dará ao interesse coletivo a primazia sobre o interesse particular, este o pior dos interesses. O corrupto é um cidadão egoísta que só pensa nele. Mas é preciso pensar que se há corruptos, há corruptores também. Chama-se no direito de corrupção ativa e passiva.


Este modelo de educação do cidadão ético, do político ético, líder religioso ético deve passar pela formação do homem de bem que é aquele que pratica a lei de justiça, de amor a si mesmo e ao outro e ao meio ambiente de tal modo que o seu direito de viver não violente o direito do outro. O sentimento do egoísmo é incompatível com a justiça e com os deveres da cidadania.


Embora Ruy Barbosa, em memorável peroração ao mesmo tempo adverte sobre a proliferação das iniqüidades praticadas em todos os níveis, lamente que o homem chegue a ter vergonha de ser honesto, verificamos que nunca existiram tantas ações de solidariedade e envolvimento em ações voluntárias em favor do bem e o grito dos bons começam a ecoar, embora Luther King reclamasse que lhe incomodava o silêncio dos bons.


Ao grito dos celerados do poder que busca abafar os impotentes excluídos com suas desculpas esfarrapadas ou negativas opõe-se um enorme
contingente de pessoas que começam a sair do silêncio para bradar em favor de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Não temamos e não duvidemos, há mudanças em execução e basta um olhar mais investigador para vê-las.


O barco não está à deriva. Há timoneiros certos nos lugares certos e em horas certas. Observemos o conjunto harmonioso do universo e vejamos que as órbitas e as elipses dos astros e o movimento natural da maré ou da ação do tempo permanece incorruptível, porque, queiram ou não, há inteligências superiores que comandam tudo e o livre arbítrio dos corruptos e corruptores não intimidam as forças maiores referenciadas.


É tempo da esperança ativa. Esprença ativa é esperança de braços e mãos em movimento pela construção de um novo modelo. É tempo dos bons gritarem para apagar grito dos poucos maus que ousam a desafiar as leis harmônicas do universo. Não percamos o estimulo de viver. Ao contrário, comecemos a mudar a nós mesmos para que, se chamados um dia, ao poder, não imitemos aqueles de quem reclamamos e acusamos.

Uma Visão Critica à Respeito do Modelo Educacional Vigente

Uma Visão Critica à Respeito do Modelo Educacional Vigente

Ao longo das últimas décadas a redução dos níveis de analfabetismo no Brasil tem sido expressiva, assim como também muito significativa é a ascensão de um número crescente de indivíduos ao nível superior de escolaridade Todavia, não obstante a extrema importância da escalada quantitativa dos índices de instrução, que denota maior acessibilidade da população às escolas, aos institutos e às academias, o modelo educacional em vigor possui séria fragilidade no que diz respeito à qualidade da formação oferecida. Mesmo restringindo-se o conceito de educação ao aspecto mais específico relacionado à instrução, pois que a assimilação de conteúdos culturais, hábitos e maneiras é um problema bem mais geral e complexo, de modo que a escola atualmente posiciona-se como elemento auxiliar diante da imperiosa e efetiva ação do convívio familiar, no quesito qualidade o padrão de formação profissional em geral não acompanha nem de perto a progressão quantitativa dos números que retratam a escolaridade no país.


É notória a deficiência do ensino fundamental e médio em toda a nação, especialmente nas escolas públicas, que são a possível porta de entrada para maioria da população, diante do elevado valor das mensalidades nos institutos particulares. Curiosamente, no ensino superior a situação se inverte e as escolas públicas suplantam vigorosamente o padrão das escolas particulares. Para que essa inversão ocorra, não há outras razões que a explique senão a existência de uma política de valorização (ainda que deficiente) da formação e do salário do professor, aliada à correlação entre ensino, pesquisa e extensão,
algo que as escolas particulares superiores não efetivam, principalmente por conta do alto custo envolvido. Todavia, esses fatores trazem retorno indiscutível com relação à qualidade docente, e também do ensino ministrado
e das atividades acessórias que completam a formação discente. A ausência de uma valorização similar nas carreiras do magistério das escolas públicas de
ensino médio e fundamental, bem como a falta de infra-estrutura básica em muitas dessas, justifica perfeitamente sua deficiência.


Infelizmente, a cultura brasileira há muitos anos se orienta no campo da instrução pela conquista de um diploma de curso superior, seja pelos status social, pelas regalias que as funções mais intelectivas promovem, seja ainda
por pressões familiares e outros elementos coadjuvantes. Assim, a má formação fundamental do indivíduo passa a ser elemento secundário, pois o que importa de fato é o ingresso às escolas superiores, o que de certa forma é relativamente fácil na atualidade, pois há muitas escolas e carreiras de valor acessível (mais baratos que escolas de nível médio e fundamental).


Por outro lado, o desprezo à formação técnica de nível médio vem de muitos anos e tende ainda a se agravar. Várias escolas técnicas têm sido transformadas ultimamente em escolas de formação superior e claramente uma alteração de seu foco primordial deverá fazer com que o padrão dessas decaia ainda mais.


Novas diretrizes pedagógicas deveriam ser discutidas de modo mais criterioso, sem considerar o acesso à universidade como uma conquista indispensável, pois, formalmente, o título obtido ao cursá-las significaria a introdução do indivíduo na atividade profissional em que se formou. Mas isso sabidamente não ocorre, pois um contingente apreciável se emprega em atividades completamente diversas e não tem alternativa senão nelas continuar. O modelo sócio-econômico atuante claramente não permite essa correlação direta entre título universitário e função correlata no mercado de trabalho.


Além disso, há também a mania de pensar o ensino superior como panacéia, capaz de curar as deficiências na formação básica anterior. Tal imagem deveria ser amplamente revista. Além disso, existem as políticas de privilégio às minorias que não contemplam a necessária qualidade acadêmica. Essas idéias equivocadas tomam enorme força nos dias atuais motivadas por conta de serem simpáticas e arrolarem aspectos políticos discutíveis. Não se pensa com a mesma seriedade em facilitar o acesso irrestrito da população mais carente ao nível superior através de um ensino básico e profissionalizante de efetiva qualidade, corrigindo as deficiências dos níveis fundamentais de ensino. Também não se cogita ou se discute no estabelecimento de um curso superior com formação genérica, uma espécie de bacharelado, capaz de enriquecer os indivíduos com ingredientes educacionais e intelectuais importantes. Ao mesmo tempo em que atuaria como indicativo de maior status ou padrão de escolaridade, tal como a sociedade deseja, desobrigaria os indivíduos de fazerem opções por cursos profissionais que jamais utilizarão na prática. Alguns países do mundo já optam por um modelo assim, onde a formação profissional específica de nível superior quando desejada, se realiza a partir da conquista desse bacharelado, em cursos de duração mais reduzida.