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Manoel Fagundes dos Santos é Espírita atuante na União Espírita Cristã em Vila Velha; membro e Diretor da Aje-es - Associacção Juridica Espírita do Estado do Espírito Santo, dentre outras muitas atividades... |
O Ciúme Em virtude de um estudo promovido por Gary Brase, da Em decorrência, diversos estudiosos do assunto contribuíram com suas teorias, buscando em teses fundamentadas explicar as possíveis causas embasadoras do conflito que – no decurso da evolução humana – tem infelicitado tantas almas, por não conseguirem sublimá-lo. Pelo esclarecimento do ensino espírita, já temos a felicidade de saber que a causa real das nossas condutas divergentes no presente, em geral, possuem como gênese, as várias experiências equivocadas, vivenciadas em existências pretéritas. Desde a Bíblia o ciúme tem mostrado suas garras: Gênesis, 4, Caim mata Abel por ciúme. Números, 5, nos fala do ”Espírito de ciúmes”. Provérbios, 6, 34: “Porque o ciúme enfurece o marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança”. Em Cânticos dos Cânticos, 8, 6: “O ciúme é cruel como o Seol”. O Seol seria inferno em hebráico ou Sheol, que se traduz como sendo “habitação das almas dos mortos”? O Dicionário Aurélio, o apresenta como substantivo masculino, do latim com raiz em “Zelumen, zelos; e no grego indica: “Zelos, ´cuidado`, ´ardor`, ´inveja´, ´ciúme´”. Definindo-o como: 1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém. 2. Emulação, competição, rivalidade, despeito... Trata-se pois, de assunto relevante, que tem despertado a atenção dos homens desde os primeiros filósofos, e constituindo-se no tema central de uma das obras mais importantes da literatura clássica: Medeia, de Eurípedes. Onde sob as chamas ardentes do ciúme, Medeia optou por matar os próprios filhos, para atingir o pai, Jason, que a traíra. Shakespeare evoca o tema em uma de suas peças imortais: “Otelo, o Mouro de Veneza”. Na qual Otelo, louco de ciúmes, asfixia Desdêmona na cama, e enterra o punhal no próprio peito. Ainda com vida, descobre a verdade; mas já é tarde. Ele morre beijando os lábios já frios da sua fiel e inocente esposa! Mas não é necessário ir tão longe. Na mídia diária, a crônica policial apresenta as tragédias resultantes desse terrível algoz do ser humano. Não havendo classe sócio-econômica que esteja isenta à sua danosa influência: do palácio ao tugúrio, da choupana do campo ao Flat na praia. Vulgarmente, costuma-se relacionar o ciúme ao amor. Uma anomalia. Porquanto ele parece ter mais parentesco com o ódio, com o orgulho, a vaidade. É que o amor é entrega; o ciúme, posse. O amor é confiança; o ciúme a suspeita. O amor é cuidado; o ciúme egoísmo. Em suma: O amor é virtude; o ciúme é vício. Logo, o ciúme não pode ser associado ao amor, de quem não é a prova, senão a sua própria negação. Freud analisa o ciúme em seus diferentes graus, no volume XVIII, de suas obras completas, páginas 271/281, no artigo que o Mestre Vianense denominou: Sobre alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranóia e no homossexualismo, assim classificando o conflito: ciúme competitivo, ciúme projetado e ciúme delirante. Segundo a ótica do nobre psicanalista, o ciúme competitivo acha-se profundamente enraizado no inconsciente, sendo uma continuação das primeiras manifestações da vida emocional da criança, e origina-se do complexo de Édipo ou de irmão-e-irmã do primeiro período sexual. Já o ciúme projetado deriva, tanto nos homens quanto nas mulheres, de sua própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos no sentido dela que sucumbiram à repressão. Enquanto o ciúme delirante, diz ele, “é o sobrante de um homossexualismo que cumpriu seu curso corretamente toma sua posição entre as formas clássicas da paranóia”. No ensino espírita – de modo singelo – o inconsciente em referência, nada mais é que o somatório das experiências reencarnatórias do espírito. No conceito da psicologia hodierna, o ciúme é a sensação de ameaça ou perda da posse em relação à pessoa a quem alguém se apega. Sendo, portanto, um estado emocional que pressupõe o medo e cresce com a insegurança. Como se trata de um estado irracional, ignora a lógica dos argumentos, nutrindo-se de suas próprias fantasias. A Doutrina Espírita entretanto– sem desprezar as questões propostas pela ciência – remonta às causas, enquanto a ciência estuda os efeitos, nos indica que o ciúme, como todos os conflitos negativos, que ainda trazemos incorporados ao psiquismo, fazem parte do “acervo” perispiritual, estando ínsitos na alma humana, requerendo, quando convenientemente identificados, a cura espiritual. Que por sua vez, requer profundidade de propósitos e continuidade de ações, que levem o paciente a uma reforma interior frente ao problema que enfrenta, cuja terapia constitui verdadeiro desafio, com análise que este despretensioso relato não comporta. Os Espíritos Superiores, na questão 933, de O livro dos Espíritos, de 1857, respondendo sobre os sofrimentos do ser imortal, relacionam os vícios que denominam “As torturas da alma”, dentre os quais indicam a Inveja e o Ciúme, classificando-os de “vermes roedores”, fazendo com que suas vítimas permaneçam em febre contínua. |
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
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